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Silvestre é pet? Opinião de Guilherme Bunger, consultor e gestor ambiental

Por Eduardo Pedroso

O Guilherme é daqueles caras que a gente respeita muito. Suas idéias têm lastro em suas atitudes. O que ele fala, vira luta na prática, como no caso do deputado federal que mandou uma ativista da causa animal sair do país para fugir da Justiça em um caso de apropriação indébita de cães. Guilherme, de maneira corajosa, representou legalmente contra o politico que estimulou a ativista a desrespeitar a lei, desrespeitar os donos dos animais e os próprios bichos.

Apaxonado pos animais, Gulherme é gestor das entidades Sinca Xerimbabo e FBAA, que congregam criadores que lutam contra a criminalização da atividade.

A pergunta foi feita para ele.

Faunauê: Guilherme Bunger, silvestre é ou não pet?

Guilherme Bunger: Na minha opinião é: DEPENDE! Há uma série de circunstâncias a serem verificadas, mas, a princípio, e salvo exceções, entendo que retirar um animal da natureza (in situ) e torná-lo um pet de estimação é errado.

E nem precisa de mim para afirmar isso pelo simples fato de já ser lei há décadas. Mas devemos lembrar que por um lado nenhuma lei é absoluta, e por outro lado a legislação ambiental deve ser difusa. Não enxergo como errada a remoção de animais de seu habitat na iminência de alguma calamidade. Recentemente tivemos o rompimento de barragens, portanto espantar a fauna do sabido caminho da avalanche de lama contaminada, inclusive com o uso de fogos de artifício como ferramenta de manejo, foi algo totalmente plausível sob a minha ótica.

Outrossim, no incêndio que houve no pantanal mato-grossense, situação semelhante ocorreu. Mas para que isso seja feito é importante uma atuação conjunta entre o poder público e entes do segundo e terceiro setores. Mas há ainda casos em que determinadas espécies entram em quadro de risco de extinção, e enxergo, nesses casos, de maneira muito positiva, que a captura de alguns espécimes para vida cativa (ex-situ) com vistas à segurança da manutenção do banco genético seja benéfico para a perpetuação das espécies, para o bioma e o meio ambiente como um todo. Obviamente de maneira ética, responsável, com aprovação prévia pelo poder público, por entes autorizados e homologados e de acordo com todas as normas e procedimentos de boas técnicas e práticas de manejo e de bem estar animal. Todavia não se deve confundir silvestres com exóticos invasores de nossa fauna, e há muita gente que confunde esses critérios. De outra forma muito se confunde de uma criação pet com uma vida em simbiose, algo inerente à nossa espécie e que remonta a dezenas de milhares, quiçá, centenas de milhares de anos atrás.

Agora, um animal que pertença a uma espécie originalmente silvestre, mas que já venha de uma ancestralidade cativa e domesticada, não mal interpreto que possa levar uma vida como pet sob posse de seus detentores, claro que em observância sempre aos bons manejo, cuidados, tratamento e demais condições de bem estar.

Faunauê: Obrigado, Guilherme.

Guilherme Bunger é administrador de empresas, com MBA em Administração Pública e Privada, MBA em Administração e economia na Espanha, pós graduado em Ciência Políticas, Direito Contitucional e Direito Ambiental, estudante de Direito, membro-estudante de Comissão de Meio Ambiente da OAB. É cinófilo e canicultor há 29 anos, trabalha com articulação, consultoria e assessoria política desde 2019, co-fundador e diretor do Sinca Xerimbabo e Diretor na FBAA.

Na foto Guilherme com seus pets Yuki, um maltês, e Brian, o gato da raça scottish fold.

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