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Caso dos galgos de Araranguá (SC). Perícia atesta boa saúde dos cães. Não há maus-tratos

Por Eduardo Pedroso

Justiça determina devolução imediata dos animais

São Paulo, 19 de dezembro de 2021

Os quatro cães da raça galgo apreendidos pela Polícia Militar em maio, após um evento de competição na cidade de Araranguá, em Santa Catarina, estão em perfeitas condições de saúde, como atesta o perito criminal e médico veterinário, Dr. Igor de Salles Perecin, designado pela direção do Instituto de Criminalística do Instituto Geral de Perícias (IGP) para cuidar do caso.

O perito teve acesso a exames e fotos cedidas pela Chubaci Clínica Veterinária, uma vez que a proprietária da clínica, a ativista Kátia Chubaci, foi designada como fiel depositário dos cães. Uma funcionária da clínica, Dra. Keneli Pscheidt Sarmento, ficou responsável por coletar os exames, fazer as fotos e enviar para o Instituto de Criminalística. Os exames comprovam que não há uso de anabolizantes.

Laudo pericial dos galgos de Araranguá.

Entenda o caso

A ativista Kátia Chubaci, famosa médica veterinária residente em Florianópolis (SC), afirma ter recebido uma denúncia da ONG Galgo Livre Brasil, informando que no dia 16 de maio, na cidade de Araranguá (SC), ocorreria uma corrida de galgos, chamada de carreira pelos galgueiros.

Sem conhecimento técnico sobre a atividade, e julgando por uma perspectiva ideologizada, que prevê que pelo simples fato de cães competirem, são submetidos a maus-tratos, a ativista acionou a Polícia Militar. A PM apreendeu quatro cães e conduziu seus donos e testemunhas para a delegacia.

No auto de prisão consta que os animais estavam sem água e comida, e que havia suspeita de emprego de anabolizantes por conta da hipertrofia muscular observada nos galgos. A parte posterior dos animais de competição é musculosa e bem desenvolvida para que tenham a chamada explosão de arranque, o que permite ao galgo alcançar a velocidade de 70 km/h durante uma corrida.

Sem água e comida?

Diego Elbio, apreciador de galgos e dono de um dos cães apreendidos, esclarece: “Estávamos carregando eles para casa (para dar água) que ficava a cinco quadras do local do evento e tinha água no carro também. Sobre a comida, “Não tem fundamento. Alimentamos os cães seis horas antes da competição. Não se pode deixar um galgo correr de estômago cheio. A comida estava na nossa base, a casa que alugamos para ficar. Meus cachorros comem três vezes por dia, tem gente que alimenta de três em três horas. Galgos de competição precisam de boa alimentação, senão a performance fica comprometida”.

Anabolizantes?

Marcos Brum, amante, estudioso e criador de galgos, observa que “A hipertrofia, o aumento do tamanho dos músculos, é resultado de treinamento diário combinado com alimentação balanceada. Trata-se de uma resposta fisiológica do corpo do animal. Não há uso de remédios ou anabolizantes. O galgo inglês é um cachorro que vem há centenas de anos sendo preparado para o esporte de explosão. Ele tem predisposição para desenvolver musculatura, o que não traz prejuízo para sua saúde. É normal para a raça”.

Corrida de galgos é maus-tratos?

O diretor da Federação Brasileira de Adestradores de Animais (FBAA), Wagner Ávila, é enfático: “Estes cães recebem um tratamento especializado, profissional, incluindo alimentação balanceada, massagens e condicionamento físico programado. Não há maus-tratos. Pelo contrário, os galgos de competição são super bem tratados.”

Wagner, que também é diretor do Sindicato Nacional dos Criadores de Animais (SINCA-XERIMBABO), observa que a atuação dos ativistas da causa animal deveria ser a de dar suporte para a população de animais abandonados nas ruas. “Esse sim, um problema grave que nunca é resolvido.”

Especificamente sobre o caso dos cães apreendidos, Tita Nogueira, treinador de galgos, um dos maiores especialistas do mundo no assunto, dono do famoso Trovador, cachorro campeão internacional, afirma que “A situação é absurda. Quando pegaram esses galgos foi pós competição, uma hora após a carreira. Pra ti ver, se tivesse alguma coisa relacionada a doping, os exames acusariam”.

Para completar, Tita observa que “O galgo, o greyhound, é o único animal de competição do mundo que corre por instinto e de livre e espontânea vontade. Essa raça de cachorro, se não corre, definha. Se alguém quer ter um galgo, precisa colocar para correr, competição ou não. Esse bicho preso fica doente”.

Juiz determina devolução imediata dos galgos

Em razão da ausência de provas e do laudo do perito criminal atestando a boa saúde dos animais, o juiz 2ª Vara Criminal da Comarca de Araranguá, Gilberto Kilian dos Anjos, determinou o arquivamento do inquérito e a imediata devolução dos galgos para seus donos.

Decisão judicial exige devolução dos galgos

Fiel depositário se nega a cumprir determinação judicial

Na quinta-feira, 16 de dezembro de 2021, a ativista Kátia Chubaci foi procurada por um oficial de Justiça em seus dois endereços, residencial e comercial, e não foi encontrada para efetuar a devolução dos animais. Funcionários da sua clínica, de maneira reservada e sem expor suas identidades, revelaram que a ativista estava na cidade de Florianópolis, contradizendo a versão de seu esposo, que afirmou que Kátia estava fora da cidade.

Os galgos não foram encontrados pelo oficial de Justiça e o paradeiro deles é desconhecido.

Flávia e Yakira

A menina que abraça a cachorra na foto que ilustra essa notícia é a Flávia, filha do Sr. Luiz Alberto, um dos criadores que tiveram cães apreendidos pela PM em ação da ativista Kátia Chubaci.

A Yakira, nos braços da guria, como se fala no Sul, está entre os galgos que a Justiça quer mandar para casa, mas a ativista esconde em descumprimento de ordem judicial expressa.

A menina Flávia tem uma forte relação afetiva com Yakira. Difícil escrever sobre isso.

A esperança é que as duas possam se reencontrar o mais breve possível.

Eduardo Pedroso para Faunauê

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