Eduardo Pedroso para Faunauê
Circulou pelas redes sociais no mês de maio de 2021 um comunicado do deputado estadual por São Paulo, Bruno Ganem, informando que havia oficiado a prefeitura do município litorâneo de Ilhabela por conta de uma suposta mutilação produzida nas orelhas dos gatos. Algo que o CRA (Centro de Referência Animal) estaria impingindo aos bichanos da cidade. Mutilação nas orelhas! Vejam bem…
Fiz contato com a direção do CRA. Nada de mutilação, apenas e tão somente a boa e indispensável marcação de orelha aplicada a gatos de vida livre ou gatos semi-domiciliados, aqueles que apesar de terem donos, têm acesso à rua.
Nada mais justo e correto do que marcar os gatos de Ilhabela para que os agentes de controle possam saber qual bicho está castrado e qual bicho precisa ser inserido em programas de castração, seja pelo método CED ou mutirões.
Entretanto, um grupo de protetoras da cidade acusou o Centro de Referência Animal de maus-tratos. E observem, exatamente no ponto em que ele, CRA, luta pela defesa da saúde pública, do bem-estar animal e da conservação da fauna silvestre, é atacado. Isso parte de pessoas desinformadas e sem acesso à educação ambiental. Infelizmente.
Muito bem. Situação posta, o que deveria fazer um cidadão eleito para um cargo público com votos principalmente arrebanhados da proteção animal? Qual seria a atitude digna de um deputado estadual preocupado em promover boas ações? Qual seria a atitude de bom senso que um legislador, elevado a cargo público com discurso pró causa animal, deveria tomar?
Eu digo. Ele deveria esclarecer para as pessoas que são o seu eleitorado o que é o método CED. Para que serve, quais são seus benefícios para a saúde pública e bem-estar dos bichos, e fundamentalmente o que é a prática de marcação de orelha e qual sua função na aplicação do método.
Não sabe? Recorra a um especialista. Um deputado tem uma equipe. Por que não um evento na cidade de Ilhabela para contar para as protetoras locais o que é fazer controle ético de gatos de vida livre?
Nada disso e no lugar disso, cobrança de explicação via ofício, post desinformando a população nas redes sociais e desinteresse completo pelo trabalho minucioso de pessoas dedicadas a praticar e esclarecer o que é o método CED. Pessoas que estão há anos tentando difundir e consolidar algo de suma importância para o meio ambiente.
Será que a manutenção do poder e a carreira política devem estar acima da educação ambiental, da saúde pública, da preservação das espécies silvestres e do bem-estar dos animais de rua?
Fica essa pergunta.
Trecho retirado da coluna mensal De papo com resgatador, revista Bom Criador de outubro de 2021.
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